As eleições municipais de 2008 movimentaram um exército de brasileiros dispostos a mudar de carreira: 349.773 pessoas se candidataram a uma vaga de vereador e 15.903 tentaram virar prefeito, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Como a concorrência é grande, é cada vez mais comum ver novatos apostando na profissão de político e investindo em cursos para aprender a domar a timidez, a falar em público, a se vestir adequadamente, a participar de debates e a dar entrevistas.
Um dos grandes atrativos da “profissão” é o salário, cujo aumento é decidido pelos próprios vereadores. Este ano, por exemplo, os políticos da Câmara de Piracicaba, no interior de São Paulo, aprovaram reajuste de 80% e passaram a receber R$ 11 mil por mês. Mas o político profissional também não pode esquecer os benefícios: verba de gabinete para pagar assessor, verba indenizatória para viajar, auxílio-paletó, auxílio-alimentação, auxílio-gasolina etc.
Para o professor de Marketing Político da USP (Universidade de São Paulo), Celso Matsuda, “qualquer pessoa pode se tornar um político” quando bem orientado.
O curso, que dura até dois anos, atrai pessoas interessadas em trabalhar com política, como assessores parlamentares. Mas dos 40 alunos que estão atualmente matriculados, 10% estão interessados em se tornar “vereadores e secretários municipais”.
Ele diz que, depois de passar pelos testes, o comportamento do aluno é avaliado, “e ele consegue perceber seus defeitos e as barreiras que precisam ser transpostas, como a diferença do vocabulário que se deve usar no rádio e na TV”.
A simulação da realidade também é usada por outro especialista, o fonoaudiólogo Simon Wajntraub, que tenta destravar políticos que têm medo de falar em público. Ele compara o próprio método com o do médico que ajudou o rei inglês Jorge 6º a superar a gagueira no filme vencedor do Oscar
O Discurso do Rei (2010).
O método pode ser polêmico, mas já está em uso desde 1968. Por suas mãos já passaram políticos como o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB) “que gaguejava”, o ex-vice-candidato a presidente Índio da Costa (PSD), “muito tímido”, e o atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
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